Monstrinho bondoso



Nas grandes Colinas do Amanhã uma pacata família vivia. Um casal apaixonado, por volta dos 30 anos, e suas 5 crianças amavéis de bochechas avermelhadas de correr pelo sol. As Colinas do Amanhã ficavam nas fronteiras que dividiam a vida e a morte, mas apesar do cenário sombrio, era um lugar estupendamente paradisíaco. 

A doce família servia aos 7 Ceifeiros, os anjos da morte e os chefes de todos os outros que tinham o dever de levar as almas para seus caminhos. As almas eram levadas por um dos 7 até o Grande Salão, que ficava protegida por um feitiço nos fundos da casa da família. Uma alma quando morta carrega a dor da sua vida e de todas as outras antes dela, por isso, deve tomar o Chá do Deixar Ir: um chá que apaga todas as memórias e permite que a alma faça seu trajeto em paz. O casal era responsável por plantar, colher, fazer a infusão do chá sem que ele perdesse suas propriedades medicinais e servir às almas visitantes.

Para Willhelm esse era um grande feito, não via a hora de crescer e poder continuar o serviço de seus pais. Infelizmente, demoraria muitos anos até isso acontecer por ele ser o filho mais novo... E ele inocentemente não sabia que jamais chegaria a realizar esse sonho devido ao que estava por acontecer.

Para o casal servir a bebida para as almas era uma tarefa dolorosa e que eles estavam cansados de cumprir. Eles haviam sido os escolhidos mas depois da experiência sabiam como era difícil, eles viam muitas histórias tristes e era muito difícil convencer algumas almas a tomarem o chá. Dessa forma eles foram seduzidos por um demônio inferior com a promessa de serem livres pra viver no Vale da Aurora Vital, ou se preferir: o mundo onde humanos comuns vivem.

Nunca se deve acreditar veemente em demônios que não pedem nada em troca, fiquem atentos, pois é um truque. E esse casal foi extremamente enganado: mandaram seus quatro filhos mais velhos, um por um, para o Portal do Sol que separa as Colinas do Amanhã do Vale da Aurora Vital, ficando por último com seu pequeno Will.

Os escolhidos pelos 7 Ceifeiros são envoltos de um encanto que faz com que possam ser rastreados e quando isso aconteceu, os Ceifeiros puderam sentir a marca do demônio e isso significa que: ou eles estavam possuídos, ou haviam selado um pacto. As duas alternativas eram péssimas e poderia colocar as almas conhecidas pelo casal em perigo, já que eles conheciam o trajeto que elas precisavam seguir. 

Então, Willhelm viu bem em frente aos seus olhos a fúria dos Ceifeiros, a fúria dos seres vazios, e nunca mais viveu em paz. Um fogo alardante crescia mais e mais em volta deles e era horrivelmente inflamável em seus pais, era como se eles tivessem sido embebedados em gasolina. Will também sofrera graves queimaduras, mas nada importava, seus pais estavam morrendo bem na sua frente! Os gritos desesperados, o cheiro de carne e roupa queimadas, a risada maligna do demônio de fundo, o calor incandescente, o medo de estar sozinho, a raiva transformando-se em lágrimas ardentes e salgadas. Will nunca mais foi o mesmo pois essas coisas nunca mais saíram de sua cabeça.

Haveria uma esperança pois seus irmãos poderiam estar a salvo, mas não estavam. Todos foram caçados e mortos, um por um. Os Ceifeiros queriam descartar qualquer possibilidade de os demônios conseguirem informações sobre a transição das almas, da mesma forma que os anjos em outras posições também não tinham conhecimento dos segredos das Colinas do Amanhã. Will estava sozinho pra sempre.

O desejo de vingar seus pais e seus desejos egoístas o transformaram em algo que já não era mais humano, era quase demoníaco, não fosse o seu coração. Willhelm se tornou uma diabrura assustadora e melancólica, as pessoas sentiam muito medo dele, porém, ao invés de machucar ele queria evitar que mais pessoas ouvissem demônios menores em busca de desejos bobos e egoístas. Ele queria evitar que mais famílias fossem destruídas, enganadas e que houvessem mais "wills" por aí.
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